Moda no teatro: nem só de tecido se criam figurinos


O Projeto 1ª CENA oferece oficinas gerais para a construção dos educandos enquanto futuros atores e/ou como profissionais do mundo das artes cênicas. Dentro das oficinas criou-se o Conexão 1ª CENA, no qual alguns convidados palestram sobre temas que complementam o conteúdo geral. A usineira Alice Labarca*, formada em Moda, compartilhou um pouco de seus conhecimentos sobre o assunto dentro da Oficina de Referência e Repertório, que é ministrada pela educadora Mabel Coelho na turma do CEU Inácio Monteiro e pela educadora Manoela Silva na turma do CEU Cidade Dutra.

“Comecei perguntando aos educandos O que é moda?, que ideia eles tinham sobre esse tema e expliquei os conceitos de Simmel (sociólogo alemão) e Souza (primeiro estudo sobre Moda na USP na década de 50)”, conta.

Alice explica que utilizou como base de sua participação o tema que vendo sendo trabalhado como foco central da atual turma do Projeto 1ª CENA: o etnocentrismo. Vamos abrir um parêntese importante aqui? Etnocentrismo é um conceito antropológico que surge quando um grupo se sente superior a outros por critérios culturais, sociais, modos de vida, entre outros. “Como eles estão trabalhando este tema na turma atual, achei legal a ideia de falar sobre Sociologia da Moda e como a moda pode ser opressora em muitos aspectos”, esclarece.

A partir deste ponto, Alice explicou aos educandos tópicos como o que é estar fora da moda, vítimas da moda e a questão de apropriação cultural. “Um bom exemplo deste último ponto (apropriação cultural) é a discussão que tem surgido atualmente sobre o uso dos turbantes por mulheres brancas visto que os turbantes são tidos como símbolos da cultura negra, ligados a religiões africanas”, exemplifica. E ao final, a usineira conta que mostrou uma imagem de um happening de Flávio de Carvalho, de 1956, “no qual ele mostrava qual era o traje ideal para o brasileiro, já que a indumentária brasileira foi herdada dos colonizadores e não era adequada ao nosso clima”, conta.

A usineira ficou muito contente com a participação e o interesse dos educandos durante o encontro, no qual ela pôde mostrar que moda é muito mais do que desfiles e glamour. “Para mim foi muito interessante levar esse tema para eles, pois muitas vezes as pessoas ficam com uma ideia vaga de Moda, ou pensam somente no lado mais glamouroso, e esquecem que há muitas teorias por trás de tudo isso, que há muita reflexão e que devemos questionar essa indústria”, esclarece.

O encontro com a turma do CEU Cidade Dutra aconteceu no último sábado, 11/03. Já a turma do CEU Inácio Monteiro recebeu a Alice em outubro de 2016.

E acha que é só isso? Em breve a Alice voltará em ambos os CEUs para abordar especificamente o tema figurinos. Fiquem atentos que iremos contar tudo por aqui!

*Sobre a usineira/palestrante

Alie Labarca é integrante da equipe de voluntários da Usina dos Atos, formada em Têxtil e Moda pela USP (Universidade São Paulo) e possui um mestrado em Museologia, também pela USP, no qual trabalhou como tema de sua pesquisa A Moda em São Paulo no Século XIX. Super antenada ao mundo da moda, ela nos indica que no próximo dia 24 de abril acontee o Fashion Revolution Day (http://fashionrevolution.org/country/brazil/), um movimento global sobre conscientização do custo da moda e como ela impacta no consumo, no meio ambiente e na produção.

Pesquise sobre o assunto desejado no Portal Usina dos Atos!